O Valente foi a minha primeira imersão numa obra na qual tive responsabilidade da raiz ao topete. Ela se compôs de um fazer ampliado:
- procurar o imóvel, negociar e comprar;
- projetar as transformações, definir as atualizações pelas quais o imóvel deveria passar;
- executar o projeto com uma pequenina equipe (a escolha dos profissionais também está incluída nos trabalhos);
- habitar é um processo, e transformações acontecem continuamente dentro - de você e do espaço. Fora também, óbvio.
E o Valente, o nosso primeiro apartamento, foi um sucesso em todos os sentidos.
Escultura aérea de Renata Sandoval
Estava presente a uma entrevista concedida pelo artista e escritor Nuno Ramos, quando ele disse que o que ele gosta mesmo é de
fazer. Ponto.
A sociedade já tem passado um tempo demasiado dentro da cabeça. Mas os últimos acontecimentos nos mostram o interesse de que os estudos e as pesquisas estejam indissociáveis de um ativismo, de um fazer investigativo. De colocar no corpo da cidade o enorme repertório captado em várias fontes para dar corpo ao que se pensa, imagina, intui, sente.
Não me lembro o nome do arquiteto, me perdoe; ele afirmou que arquitetura não é profissão, mas estilo de vida, e a pessoa nasce com isso. Tipo: você não aprende a ser poeta na escola; a poesia está em tudo, e vê quem tem os ouvidos abertos, quem não está dormindo de chapéu, e andando ao mesmo tempo.
E a poesia buzina: profissões arraigadas, corporativismo que depreda, e quer dizer normas: autoritário. Vivo/desejo as
ambiências pulsantes,
onde forma é fluxo. E "a alegria é a prova dos nove" (já falou Oswald de Andrade).
O conjunto de comportamentos e conhecimentos é uma invenção do homem, por isso não está acima dele regendo suas opções de vida. Cada um de nós tem o direito ( e o dever ) de crescer e multiplicar
mundos.